FORMAÇÃO DIACONAL: UM CHAMADO AO SERVIÇO E À MISSÃO
A missão do diácono permanente é, antes de tudo, um chamado ao serviço. Na Diocese de Grajaú, onde a fé e a missão caminham lado a lado, a formação diaconal deve responder aos desafios pastorais do nosso tempo, preparando homens dispostos a servir com zelo e fidelidade à Igreja. Neste contexto, a Escola Diaconal Bom Pastor assume a responsabilidade de formar diáconos comprometidos com o Evangelho, com o povo de Deus e com a missão evangelizadora.
O perfil do diácono que queremos formar deve refletir a identidade missionária da nossa diocese, destacando a espiritualidade, a comunhão e o serviço como pilares fundamentais de sua vocação. É sobre esse perfil que refletiremos neste texto, à luz dos documentos da Igreja e da experiência pastoral da nossa realidade local.
O perfil do Diácono Permanente que queremos formar
A Escola Diaconal Bom Pastor, da Diocese de Grajaú, nasce com a missão de formar diáconos permanentes que sejam fiéis ao chamado de Cristo e plenamente inseridos na realidade eclesial e missionária do nosso tempo. O perfil do diácono permanente que queremos formar está alicerçado nos documentos oficiais da Igreja, especialmente no Documento 96 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja no Brasil: Formação, Vida e Ministério (CNBB, 2012), e é inspirado pelo dinamismo evangelizador próprio da nossa diocese.

Imagem 1: Documento 96 da CNBB (2012).
O diácono permanente deve ser um homem de profunda espiritualidade, enraizado na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja. Sua vida de oração e sua intimidade com Deus devem refletir-se na sua missão de serviço. Por isso, sua formação deve ser sólida na teologia, na doutrina social da Igreja e nos documentos do Magistério, para que possa atuar como um verdadeiro servidor da Palavra, da Liturgia e da Caridade.
Na Diocese de Grajaú, terra de missionários e comunidades fervorosas, buscamos formar diáconos que tenham um espírito profundamente missionário. O diácono deve ser um anunciador incansável do Evangelho, capaz de estar presente nos lugares mais desafiadores e necessitados, levando a esperança de Cristo. Queremos diáconos que compreendam e vivam o sentido da “Igreja em saída”, como nos pede o Papa Francisco (PESCE, 2013), sendo pontes entre a Igreja e a sociedade, especialmente junto aos pobres, marginalizados e aqueles que estão afastados da fé.
Outro aspecto fundamental é a comunhão com o clero e com as comunidades. O diácono é chamado a trabalhar em unidade com o bispo e os presbíteros, colaborando na edificação do Corpo de Cristo. Ele também deve ser um grande promotor da unidade familiar e comunitária, dando testemunho de uma vida matrimonial exemplar (quando casado) e sendo um sinal visível do amor de Deus no mundo.
Assim, a Escola Diaconal Bom Pastor tem o compromisso de formar não apenas servidores da Igreja, mas autênticos discípulos missionários, que respondam aos desafios pastorais do nosso tempo com coragem, zelo e fidelidade ao Evangelho. O diácono que queremos formar na Diocese de Grajaú é aquele que vive sua vocação com alegria, amor e entrega total ao Reino de Deus.
Diácono Permanente: identidade e missão na igreja de hoje
A vocação diaconal é um dom para a Igreja, um chamado ao serviço que tem suas raízes na própria tradição apostólica. Desde sua restauração pelo Concílio Vaticano II[1], o diaconado permanente[2] vem desempenhando um papel essencial na evangelização e no testemunho cristão, especialmente em tempos de grandes desafios pastorais.
A identidade do diácono permanente está profundamente vinculada ao seu tríplice ministério: a Palavra, a Liturgia e a Caridade. O Documento 96 da CNBB, que trata do diaconado permanente no Brasil, enfatiza que o diácono é chamado a ser um sinal visível de Cristo Servo, atuando não apenas no altar, mas também no serviço aos pobres, na pastoral social e na mediação entre a Igreja e o mundo. Como afirma a Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis (JOÃO PAULO, 1998), o diácono é um “servo da comunhão eclesial”, exercendo um papel insubstituível na animação missionária e na vida das comunidades.

Imagem 2: Diretório para o Ministério e a Vida dos Diáconos Permanentes (CLERO, 2015)
O Diretório para o Ministério e a Vida dos Diáconos Permanentes, publicado pela Congregação para o Clero (2015), reforça que o diácono deve ser um homem de fé profunda, compromisso pastoral e amor pela Igreja. Seu ministério não pode ser reduzido a uma função meramente litúrgica; ele deve estar presente nos desafios do mundo contemporâneo, promovendo a justiça, a paz e a solidariedade.
No contexto atual, marcado por profundas transformações sociais e pela necessidade de uma Igreja em saída, como propõe o Papa Francisco na Evangelii Gaudium (2013), o diácono permanente tem um papel fundamental. Ele deve ser um agente de evangelização em meio às periferias existenciais, um promotor da unidade familiar e um servidor incansável das comunidades, ajudando a Igreja a ser mais próxima, acolhedora e missionária.
Na Diocese de Grajaú, essa identidade diaconal se concretiza em um serviço generoso e ativo, especialmente nas comunidades mais distantes, onde o clero muitas vezes não consegue estar presente de forma contínua. Por isso, a Escola Diaconal Bom Pastor assume o compromisso de formar diáconos que compreendam sua vocação como um verdadeiro dom de Deus, colocando-se a serviço da Igreja e do mundo com alegria, humildade e dedicação.
Assim, o diácono permanente, fiel à sua identidade e missão, é chamado a ser uma presença viva do Cristo Servo, anunciando o Evangelho não apenas com palavras, mas sobretudo com o testemunho de sua vida.
Palavra, Liturgia e Caridade: pilares do ministério diaconal
A missão do diácono permanente na Igreja está intrinsecamente ligada a três dimensões fundamentais: o serviço à Palavra, à Liturgia e à Caridade. Esses pilares, estabelecidos desde os tempos apostólicos (At 6,1-7), foram reafirmados pelo Concílio Vaticano II e são amplamente tratados nos documentos oficiais da Igreja, como o Diretório para o Ministério e a Vida dos Diáconos Permanentes e o Documento 96 da CNBB.
O Serviço à Palavra: anunciador e testemunha do evangelho
O diácono é, antes de tudo, um servidor da Palavra de Deus. Seu ministério exige que ele proclame, pregue e testemunhe o Evangelho em sua vida cotidiana. Como afirma o Diretório para os Diáconos Permanentes, “ele é chamado a tornar-se um ardoroso missionário da Palavra, testemunhando a fé no mundo do trabalho, na família e na sociedade”.
No contexto atual da evangelização, em que muitos fiéis se afastam da fé, o diácono assume um papel essencial ao ser ponte entre a Igreja e o povo. Ele deve comunicar a Palavra de maneira acessível, catequizando e acompanhando as comunidades, ajudando-as a crescer na fé e no compromisso com Cristo.

Foto 1: Aspirante ao Diaconado Permanente sendo investido no Ministério Extraordinário da Palavra (GRAJAÚ, 2025).
O Serviço à Liturgia: ministro da oração e da comunhão eclesial
O diácono também é chamado a servir no altar, auxiliando o bispo e os presbíteros nas celebrações litúrgicas. O Concílio Vaticano II, na constituição Sacrosanctum Concilium, reforça que a liturgia é a fonte e o cume da vida cristã. Como ministro ordenado, o diácono participa ativamente desse mistério, podendo batizar, abençoar matrimônios, proclamar o Evangelho, pregar e distribuir a Eucaristia.
No entanto, seu papel litúrgico não se limita ao serviço no templo; ele deve promover uma pastoral litúrgica que leve os fiéis a uma participação ativa e consciente na vida sacramental da Igreja. Além disso, seu ministério litúrgico deve ser sempre expressão do serviço e da caridade, nunca reduzido a uma função meramente ritual.
O Serviço à Caridade: reflexo do cristo servo
A caridade é a identidade mais profunda do diácono. No Documento 96 da CNBB, é enfatizado que ele deve ser “um sinal do Cristo Servo no meio do povo de Deus, promovendo a justiça e a solidariedade”. Desde os primeiros diáconos da Igreja, como Santo Estêvão e São Lourenço, o diaconado sempre esteve associado ao serviço aos pobres e necessitados.

Foto 2: Aspirante ao Diaconado no exercício da caridade.
Na Diocese de Grajaú, essa dimensão assume grande relevância, pois muitas comunidades enfrentam desafios sociais e econômicos. O diácono deve estar presente junto aos enfermos, encarcerados, marginalizados e àqueles que mais precisam do amor de Cristo. Seu compromisso com a caridade não é opcional, mas parte essencial de sua identidade ministerial.
A Escola Diaconal Bom Pastor, em sua missão formativa, busca preparar diáconos que integrem de maneira harmônica esses três serviços, vivendo sua vocação com fidelidade, alegria e dedicação. Palavra, Liturgia e Caridade não são dimensões isoladas, mas realidades complementares que fazem do diácono um verdadeiro ícone de Cristo Servo. Assim, na caminhada pastoral, ele se torna um evangelizador ardente, um liturgo fiel e um servidor incansável do povo de Deus.
Configuração plena em Cristo Servo: a meta do itinerário formativo diaconal
A formação de um diácono permanente não é apenas um percurso acadêmico ou pastoral, mas um verdadeiro caminho de configuração a Cristo Servo. Na Diocese de Grajaú, a Escola Diaconal Bom Pastor assume essa missão com seriedade, promovendo um itinerário formativo que busca, em todas as suas etapas, levar o vocacionado a uma vivência autêntica do ministério diaconal como expressão do serviço ao Reino de Deus.
O Estatuto da Escola Diaconal Bom Pastor (DIOCESE DE GRAJAÚ, 2024) ressalta que a formação diaconal é fundamentada em cinco dimensões: pastoral, humano-afetiva-sexual, comunitário-eclesial, espiritual e intelectual. Essa estrutura reflete as diretrizes oficiais da Igreja, como o Documento 96 da CNBB, o Diretório para o Ministério e a Vida dos Diáconos Permanentes, e os ensinamentos do Concílio Vaticano II, que restaurou o diaconato como grau permanente do Sacramento da Ordem (Lumen Gentium, 29).
Cristo Servo como modelo da formação
A meta final da formação diaconal é a configuração plena em Cristo Servo. O próprio Jesus declara: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). O diácono é chamado a reproduzir esse modelo em sua vida, tornando-se um ministro da Palavra, da Liturgia e da Caridade, pilares essenciais do diaconado.
- Na Palavra, ele deve ser um evangelizador ativo, anunciando Cristo com coragem e fidelidade, promovendo a catequese e o ensinamento da fé.
- Na Liturgia, o diácono tem um papel singular na celebração dos sacramentos e sacramentais, sendo um elo entre o altar e a vida cotidiana dos fiéis.
- Na Caridade, ele expressa sua identidade mais profunda, atuando junto aos pobres, doentes, encarcerados e marginalizados, levando o Evangelho aos mais necessitados.
Esta tríplice missão diaconal exige do candidato um coração missionário, conforme ensina o Papa Francisco na Evangelii Gaudium, 24: “A Igreja em saída é a comunidade de discípulos missionários que tomam a iniciativa, se envolvem, acompanham, frutificam e festejam”.
A formação com enfoque missionário
Na Diocese de Grajaú, a vocação diaconal está intimamente ligada à missão. O Estatuto da Escola Diaconal enfatiza que o itinerário formativo deve preparar diáconos não apenas para o serviço interno da Igreja, mas para uma atuação missionária, capaz de responder às realidades locais com compromisso e sensibilidade pastoral.
Essa dimensão missionária se concretiza em diversas práticas formativas:
- A imersão pastoral nas comunidades, especialmente nas mais carentes e distantes;
- O incentivo ao trabalho social e ao cuidado dos mais vulneráveis, conforme a Doutrina Social da Igreja;
- A vivência do ministério diaconal como expressão de uma Igreja em saída, dialogando com as novas realidades sociais e culturais.

Foto 3: Registro dos Aspirantes carregando a imagem de Nossa Senhora Aparecida na abertura do Jubileu de 2025 na Diocese de Grajaú (2025).
A configuração a Cristo Servo não é apenas um ideal, mas um caminho concreto de vida para todo diácono permanente. A Escola Diaconal Bom Pastor se compromete a formar homens que, fortalecidos pela oração, pela comunhão e pelo estudo, sejam verdadeiros sinais do Cristo que veio para servir e dar a vida em resgate por muitos (cf. Mc 10,45). O diácono que emerge desse itinerário formativo não é apenas um assistente do altar, mas um servo do povo de Deus, um evangelizador ardente e um missionário incansável, pronto para testemunhar Cristo em todas as circunstâncias.
[1] Lumen Gentium 29 – (SÉ, 2018).
[2] No Brasil, ao se referir ao ministério diaconal, é possível encontrar nas publicações tanto o termo “Diaconato Permanente” quanto “Diaconado Permanente”. Essa variação ocorre devido à flexibilidade linguística e ao uso histórico dos termos no contexto eclesial. No entanto, no relatório apresentado, optamos pela terminologia “Diaconado Permanente”, pois é a forma adotada no Documento 96 da CNBB – Diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja no Brasil: Formação, Vida e Ministério. Essa escolha busca garantir maior alinhamento com as diretrizes oficiais da Igreja no Brasil e promover uniformidade na nomenclatura utilizada.